Antroposendo: vivendo [t]~[d]ensamente ou dançamente?
por Ariska Derìì
O fato é que a mente dança ao ouvir os cânticos antropológicos
Ora cânticos canônicos, ora fábulas sob pseudônimos
O resguardo do nome é para a ciência não ver
Não capturar
Que a arte é viva como a vida é, dançar
Afinal, o mundo que pensamos controlado falhou
e ninguém te avisou?
Explorar indeterminações neste apocalipse moderado
encontros de contos contaminados
É elevar a voz contra a precarização
de nossos cibercorpos & neoaflições
A arte de perceber
já fala sobre ser
Contar histórias mal resolvistas
plantar conceitos e colher vida
Nem humano
Nem acabado
Nem homem
o texto é sempre carnal (carnaval?)
Pois Haraway já dizia: naqueles dias há um mundo em processo trans que faz de gênero o substantivo errado! Palavra da salvação, glória às vozes senhoras.
Dominação não é a única coisa acontecendo aqui
A zona pede influência, levanta-te!
ou seremos apenas vítimas?
arrastadas por correntes nem sempre marítimas
O virtual não é imaterial
tipo um fantasma marginal
o assombro é a única categoria dada
nesse macabro conto de fadas
O pior é que há magia
ora ora quem diria
basta seguir a dança
e as raízes e as tranças
_____________ ______________ ___ _____ ______ Na era da perturbação antropo
o macho precisa cair do topo
Abre tua boca e habla, mona!
A vergonha é mais masculina do que humana
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Bem-vinde à confabulação micelial,
praz-ser, Ariska
a trava pós-capital
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* Ariska Derìì da Costa Lopes é travesti manauara (Manaus-AM), artista visual, modelo e artesã de moda. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS-UFAM).